quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MÚSICA FILOSOFIA - POR MARTINÁLIA



Filosofia

Noel Rosa

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia


MAIS UM POUCO DE NOEL ROSA

Esta música é composta por um dos mestres da música brasileira Noel Rosa, que em suas composições adicionava elementos socioculturais do Brasil da década de trinta e a construção da "brasilidade".
Sempre sútil e preocupado com os problemas sociais que eram característicos desta época, desigualdade social, a política coronelista, o processo de urbanização do Rio de Janeiro que tirou dos cortiços do centro do Rio a população pobre e que depois, acabou migrando para os morros e para o subúrbio. Outro aspecto que podemos destacar em algumas composições é a crítica ao mundo capitalista, por impor sua ideologia consumista e novos padrões de valores que eram adotados pela sociedade da época.
A idéia central da música Filosofia é o lamento do sambista diante do fato de quererem lhe dizer como ser feliz, como devia se portar um indivíduo para que fosse bem aceito na sociedade. Tal necessidade não importava àquele que via, justamente no afastamento dos valores elitistas e ilusórios, o caminho para o sucesso.
Estando o poeta convicto de que sua posição de rebelde social era a ideal frente à falsidade do valor do dinheiro, termina por profetizar o destino reservado aos que se vendem à superficialidade da sociedade de consumo, ao espectro da riqueza e do glamour dos objetos caros e inúteis. Esse indivíduo seria um servo da mentira forjada para iludi-lo, um escravo do mundo que ele mesmo ajudou a erguer.

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